O princípio do "Siga-me"
Em 26 de outubro de 2009

Twitte este post!
Muita gente acha que o cristianismo é uma religião ultrapassada. Acontece que não é nem ultrapassado nem religião.

Pode-se dizer que quando a maioria das pessoas lê a palavra cristianismo, na realidade está lendo "instituição religiosa", ou seja "instituição religiosa velha, petrificada, antiquadae arrogante". Imagens saltam em nossa mente: tudo, desde as cruzadas até a máquina do Vaticano, perpetuamente complexa e poderosa, até dois milênios de campanários, bancos e órgãos, até televangelistas sorridentes, carregados de maquiagem, de olho no nosso dinheiro. Isso, dizemos, é o "cristianismo". Uma instituição religiosa - e das piores.

O que surpreende é que, quando a palavra foi inventada, referia-se a algo muito mais simples, provocativo e perturbador. Para realmente compreender o "cristianismo" precisamos voltar lá para o início, começar pelo começo.

Para principiantes, Jesus não era cristão. Ele nunca falou para alguém se tornar cristão, nunca contruiu prédios, nunca elaborou tratados teológicos, nunca recolheu nenhuma oferta, nunca usou vestes religiosas, nunca abriu uma firma para descontar imposto de renda... ele simplesmente pediu que o seguissem.

É isso. Isso mesmo, por mais simples que pareça. Ele pediu que o seguissem. Os dois primeiros eram irmãos: Simão e André. Sujeitos normais, simples pescadores. Os primeiros cristãos de todos os tempos. Estes irmãos não pensavam, de jeito nenhum, que estavam "virando cristãos" ou adotando uma nova religião. Apareceu um homem de trinta anos (um carpinteiro) que simplesmete dizia "siga-me". E acreditaram nele.

Então, pela fé, esses dois irmãos entregaram a vida a ele (literalmente), deixaram de lado as redes a que estavam habituados e o seguiram. Foi assim que nasceu um jeito de viver, uma realidade que mudaria para sempre o mundo. Antes de correr atrás de palavras e séculos de teologia, precisamos parar junto ao berço daquilo que chamamos de cristianismo. Nada mais é que um chamado de Jesus: "siga-me" e uma resposta: deixar de lado as redes de sempre e seguir, pela fé, esse judeu com sandálias nos pés. Nada mais que isso.

Dois mil anos de palavras nada podem fazer com a realidade simples e básica do cristianismo: aqueles primeiros passos dados pelos dois irmãos. A teologia de Simão e André era a mais simples possível: "Jesus disse 'siga-me', e nós o seguimos". Este é o único ponto de partida.

A arrogância e o orgulho pela grandeza das catedrais e pelo detalhismo dos vitrais de dois mil anos de religião dominante não devem fabricar um cristianismo por demais eloqüente para um início tão simples. Simão e André, trabalhadores braçais, mãos encardidas, são os patriarcas do cristianismo (gente que provavelmente nunca perdeu totalmente o cheiro de peixe). Eles estavam onde esse tal de "cristianismo" começa, e onde deve começar nosso entendimento dele.

Texto extraído do livro Jesus de Pés Sujos, de Don Everts.