Vergonha
Em 8 de outubro de 2009

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Não quero parecer radical ou arrogante, mas quero expressar aqui um desabafo da minha plena indignação uma crítica ao povo gósper.

Acredito que os cristãos devam falar da salvação de três modos: pelo testemunho individual (tipo falar de Jesus pra alguém que está junto numa fila), o testemunho coletivo (em abos os sentidos: coletivo por que não se faz sozinho e por que são várias pessoas que recebem a mensagem numa vez só, como fazer um teatro numa praça) e o testemunho prático (nas atitudes do dia a dia na convivência com colegas de escola e trabalho, sem necessariamente usar palavras). Aqui, pra não abusar de sua paciência, vou falar só dos dois primeiros.

Até aí tudo bem. A questão é que eu vejo um "testemunho contrário" o fato de fazer isso mal feito ou ser um cara chato. Pô, Jesus não era um cara crica - poderia ser irritante por causa que lidava profundamente com as convicções das pessoas (e isso incomodava), mas não ficava apurrinhando ninguém. E Deus também não é um cara que faz as coisas "nas coxas" - o que Ele faz é, definitivamente, bem feito. Vou contar umas histórias, e aí creio que você entenderá.

Ontem vi um cara no ônibus. Uns 30 e poucos anos, bem vestido, ouvindo música no celular (com fone), nada de anormal. De repente o cara tira o fone e deixa a música tocar pelo próprio falante do celular - e começa a cantar junto, desafinado pacas, com um bafo de sepultura (eu estava a mais ou menos um metro dele, e ainda assim pude perceber). A música? Alguma coisa falando de poder, promessa e prosperidade. Ele pode ter feito isso para que as pessoas do ônibus pudessem ouvir "uma mensagem de salvação" através dele e do seu celular. Mas caramba! Que coisa horrível! Além
da música em si não falar nada a respeito da necessidade de alguém se converter, o cara ainda canta junto e com bafo. Sim, foram 5 minutos onde eu e mais 30 pessoas dentro do ônibus pensaram apenas "fecha essa boca", e não "realmente, eu preciso de Deus". E se eu não conhecesse a Cristo, estaria pensando mal do povo evangélico e prometendo a mim mesmo nunca me envolver com esse tipo de gente. Algumas pessoas sabem que o estilo de vida cristão não é exatamente o mesmo da cena do homem no ônibus. Mas e aqueles que não sabem e só têm o cara chato do ônibus como modelo?

Outra situação: a galera quer fazer evangelismo em praça pública. Pra isso leva a bandinha da igreja - que não passa de dois violões dessoantes, um chocalho e um cantor que se sente "o poder de Deus em pessoa" - mesmo que seja absurdamente desafinado. Isso é realmente falta de semancol. Acredito que um descrente que passe por ali e ouça o ruído vá pensar "vou acelerar o passo pra logo estar longe", e não "puxa, realmente Deus me ama". Também tem o evangelismo de lombada, onde um grupo de gente gósper aproveita que os carros diminuem a velocidade pra pará-los, definitivamente, e entregar um convitinho do culto da noite. Veja bem: o cara tá com pressa e indignado com a existência de lombadas - e como se não bastasse, uma patota de gente faz ele parar exatamente nesse instante pra entregar um "convitinho da noite da bênçá". Stress suficiente pra gerar uma antipatia ao evangelho.

Um dos meus professores usou um exemplo interessante numa aula. Ele tinha uma mochila e uma bíblia em cima de sua mesa. Ele pegou a bíblia, mostrou para nós e disse:
- Este é o evangelho, esta é a palavra. Completamente imutável. Toda pregação cristã deve estar plenamente de acordo com isso - se algo é diferente do que a Bíblia diz ou é incondizente com sua mensagem, então definitivamente não vem de Deus.
Então pegou a bolsa com a outra mão e ergueu-a para que pudessemos vê-la. Lentamente colocou a Bíblia dentro da mochila, enquanto ia dizendo:
- Este é o método pelo qual o evangelho chega as pessoas. É uma mochila, mas poderia ser uma mala, uma sacola de supermercado ou uma bolsa. É simplesmente o meio pelo qual a mensagem é levada. Pode e deve mudar de acordo com o público que se deseja atingir. A mensagem - que esta dentro da mochila - não muda, permanece completamente íntegra. O que atrai o ouvinte é a mochila, em primeiro lugar. E aí, quando uma pessoa se sente atraída pela mochila, vai ver o que tem dentro dela - e então descobre o puro e verdadeiro evangelho da salvação.

Freqüentemente vejo crentes usando uma mochila extremamente repulsiva pra carregar uma mensagem extremamente preciosa. É um testemunho contrário: afasta as pessoas em vez de trazê-las para perto. É vergonhoso.

Sinceramente, um cara que simplesmente entrega um panfleto evangelistico para os passageiros do ônibus faz um testemunho individual muito melhor do que alguém que dá o play num hit gospel feito só para ganhar dinheiro para falar de Jesus. E uma igreja que faz algo simples - mas bem feito - em praça pública, sem encher as paciências de nenhum pedestre ou motorista, certamente faz com que as pessoas se sintam bem ao passar perto - e por isso desejem mais do que está sendo falado.

Não nego que o Espírito Santo, por misericóridia, use alguns desses crentes irritantes e chatos pra fazer diferença na vida de alguma pessoa. Mas crente de verdade deveria fazer algo bem feito - não pra se mostrar, mas por que faz pra honra e glória de Deus.

Pra teminar, deixo uma frase de João Alexandre: "um crente que limpa bem os bancos da igreja glorifica mais a Deus do que um que toca mal um violão na hora do louvor".

2 comentários:

Caio disse...

Muito bom cara...

Anônimo disse...

valeu cada linha

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