Sem perguntas
Em 6 de novembro de 2009

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Jesus estava passeando na praia quando viu dois pescadores organizando suas tralhas pra ir pescar. Olhou pra eles - caras ignorantes, mal vestidos e fedidos - e os convidou. "Sigam-me", disse Ele, "e eu vou levar vocês para uma pesca que vale a pena". Sem pensar duas vezes, os dois abandonaram o serviço no meio do caminho e foram atrás de Jesus.

Fico imaginando a situação. Os pescadores não perguntaram onde iam - só seguiram. Talvez pensassem que Jesus ia dar um cursinho de duas horas (com um intervalo para o cafezinho no meio) sobre como pescar mais. O fato é que eles ficaram literalmente "seguindo" Jesus por três anos sem interrupção, viram que era algo completamente diferente do que imaginavam e depois ainda ganharam uma missão que ocupou-lhes e custou-lhes a vida toda.

Dois caras fedidos. Certamente muito mais decentes na obediência do que eu - pois não tenho dúvida de que se um desconhecido chegasse pra mim e dissesse "venha junto comigo, quero lhe ensinar uma coisa" eu ia, primeiro, querer saber quem ele é. Depois, tentar descobrir o que exatamente ele desejaria ensinar. Aí iria questionar onde as coisas aconteceriam, o que eu teria que levar na mala, como ficaria a questão de comida, se poderia entrar na iternet. E no fim, iria dizer "cara, a proposta é tentadora - mas acho que agora, de imediato, não vou poder".

Mas no fundo talvez não seja uma questão de obediência, apenas. Afinal, você só obedece algo que não compreende quando não tem mais opção - essa é a natureza humana. Pense nos pescadores, de novo. Não havia nada de interessante neles e nem em suas vidas. E para eles, não havia nada pelo que valesse a pena viver. Quando o tal Jesus chegou, deu um sorriso e disse "venham", a vontade de experimentar algo novo os fez segui-lo imediatamente, e isso transformou sua vida.

Feios, fedidos e burros. Mais burro sou eu, que sempre acho que há alguma novidade na vida longe de Cristo e fico esperando que algo bom aconteça longe dele. Mais fedido sou eu, que insisto em continuar na poça de esterco dos meus pecados. Mais feia é a minha falta de vergonha de estar numa vida decadente.

Pelo menos Jesus não prestou atenção nisso quando chamou os discípulos - antes, viu o que eles poderiam se tornar junto com Ele. E pelo menos, Cristo não presta atenção na minha indecência - mas me chama, dia após dia, para aprender com ele; ser usado para algo bom; descobrir uma vida nova, de perdão e paz; e ser amado mesmo em minha constante teimosia de querer compreender antes de obedecer.