Servos confortáveis, crianças órfãs
Em 18 de dezembro de 2009

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Uma das minhas funções dentro do Acampamento Moriah é encontrar palestrantes para os eventos. Isso nunca foi um serviço dos mais fáceis por que por vezes fico dias e semanas atrás de um cara bacana e não encontro. Parece um serviço de FBI - encontrar um cara com perfil específico, descobrir seu nome completo e todos os seus telefones de contato. Se ele não aceitar o convite, começar tudo de novo.

Em alguns anos de trabalho, percebi que palestrantes para crianças são os mais difíceis de serem encontrados. Um dos motivos disso é por que metade não sabe realmente trabalhar com crianças - são muito grosseiros e pouco graciosos. Dois outros fatores de dificuldade percebi nois últimos dois dias, enquanto ainda procurava um palestrante para o próximo acampamento de crianças. Estou a pelo menos três meses procurando, e só nesses dois últimos dias falei com uns 17 candidatos. Nenhum deles aceitou. E nas conversas, concluí o seguinte:

Primeiro, as pessoas que são chamadas a servir a Deus raramente se dedicam para crianças. Hà pastores da 3ª idade, pastores de casais, pastores para músicos... mas são pouquíssimos os pastores dedicados exclusivamente a jovens e adolescentes, e menos ainda são os dedicados exclusivamente a crianças - estão quase extintos. Será que é por que Deus não chama gente pra isso? Sinceramente, acho que o problema não está no chamado. Está no status. Criança é gente miúda, não tem expressão social, o trabalho não é visto. É aquela velha história: uma pessoa nova entra na igreja e quer se envolver num ministério... então dizem pra ir cuidar das criancinhas na hora do culto - lá não precisa de grande conhecimento mesmo, lá não vai atrapalhar ninguém. Ou então, vai cuidar dos adolescentes - tanto faz, é quase a mesma coisa.

Segundo, eu nunca havia recebido "nãos" por que o compromisso são as férias. Claro, apóio completamente que pastores, missionários e líderes tirem suas férias. Mas até aqui, sempre que eu ligava pra alguém e o cara tinha férias na data, ele dizia "vou dar uma olhada se não consigo mudar as férias", e não "desculpe, está escrito 'férias' na minha agenda, fica pra próxima". Como disse, acho justo e necessário o descanso de quem serve, mas não creio que isso seja algo assim tão engessado a ponto de não poder mais assumir compromissos de evangelismo. Lamentavelmente, talvez seja sem querer, mas me parece mais um comércio do que um ministério.

Enfim, o que quero expressar é a necessidade de pessoas se dedicarem exclusivamente a crianças, sem fazer disso o seu "emprego", mas realmente seu ministério. Enquanto os poucos servos que existem hoje descansm nas redes das casas de praia, há crianças esperando por alguém que as gere espiritualmente. Espero ainda encontrar um palestrante disponível e disposto.

Pra não deixar passar, é esse tipo de coisa que me motiva a pensar da maneira como me expressei no post Onde estou e para onde vou. Confira!