Hoje estava ouvindo Carlos Queiros palestrar sobre missão na faculdade onde estudo. Pra não levar tempo tentando resumir o que ele falou, vou dizer apenas que foi uma overdose de ensinamentos sobre vida espiritual individual e comunitária. Saí de maravilhado e atordoado com tanta informação consistente, verdadeira, simples e profunda que ele passou.
Em certo momento ele se referiu a ocasião em que Moisés viu no deserto aquele arbusto que estava em chamas mas não queimava, e ouviu uma voz dizendo "tira as sandálias dos pés". Carlos Queiros então disse que moisés ter tirado as sandálias não era somente por que se encontrava perante a santidade de Deus, mas por que "uma sandália, perante Deus, já é muito".
Curiosamente, ontem eu havia lido um texto de C. S. Lewis que falava sobre como muitas vezes não nos "esvaziamos" perante Deus, e então ele não pode nos encher. É óbvio: um recipiente não pode ser enchido se já estiver cheio de outra coisa; da mesma maneira nós não podemos ser enchidos por Deus se estivermos cheios de nós mesmos.
João Batista falava: "convém que Cristo cresça em mim, e eu diminua". Qualquer bagagem inútil, qualquer tralha desnecessária ou qualquer tipo de ostentação que tenhamos quando chegamos na presença de Deus impede que Ele realize Sua obra em nós. E é muito fácil entregar apenas "alguns pedaços" da vida a Deus e manter outros bem guardados para nós mesmos.
Enquanto não nos esvaziarmos por completo, enquanto ainda insistirmos em ficar de sandálias, permaneceremos distantes do que Deus tem pra nós. E isso, aos poucos, se encontra com o que Paulo fala sobre matar o velho homem para que Cristo viva em nós. E o assunto ainda pode ir muito longe.
Alguns podem insistir no "eu sou mais eu", ou no "seja você mesmo". A Bíblia, de modo contrário, ensina: "seja menos você e mais Cristo". Perante Deus, estar de sandálias já é muito.